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mercredi 17 mai 2023

ĦṲℳṲϟ

Photographie © Sonia Marques

Offrir à l'autre et recevoir, au détour d'un regard, un livre, un auteur portugais, Raul Brandão, de l'édition Chandeigne, chez cet éditeur, chez qui, j'aimais aller à Paris, dans le 6e arrondissement, dans sa librairie, passer quelques après-midi, et lui me raconter, dans son fatras de nouvelles parutions les unes et les autres, tous ces voyages écrits, qui nous font croire, qu'un jour, on partira, aussi.

Lui qui se  concentrait constamment sur le drame terrible de la condition humaine, imprégné de souffrance, d'angoisse, de mystère et de mort, et ses références constantes à l'offensé et à l'humilié, face visible de l'expression humaine qui est l'un des motifs les plus réguliers de son travail, est devenu, l'un des écrivains  avec Fernando Pessoa, ayant le plus influencé l'évolution de la littérature portugaise au XXe siècle,

Humus, n'est pas un roman comme un roman, il aborde des personnages issus de l'écriture poétique et philosophique, qui interrogent les modes de représentation du réel pour s'affirmer comme une méditation sur la métaphysique de la douleur et sur l'absurdité de la condition humaine, entre le rêve et la disgrâce.


Raul Brandão

Prosateur, écrivain de fiction, dramaturge et peintre, originaire de Foz do Douro, Porto, il est né le 12 mars 1867 et a vécu une partie de sa vie à Lisbonne, où il est décédé le 5 décembre 1930. Descendant d'hommes de la mer, son enfance a été marquée par le paysage physique et humain de la zone de pêche de Foz do Douro. Toujours à Porto, il vit avec les jeunes écrivains António de Oliveira, António Nobre et Justino de Montalvão avec qui, en 1892, il signe le manifeste Nefelibatas. Il a commencé sa carrière littéraire en 1890 avec Impressões e Paisagens.



Prosador, ficcionista, dramaturgo e pintor, oriundo da Foz do Douro, no Porto, nasceu a 12 de março de 1867, e viveu parte da sua vida em Lisboa, onde veio a falecer a 5 de dezembro de 1930. Descendente de homens do mar, a sua infância foi marcada pela paisagem física e humana da zona piscatória da Foz do Douro. Ainda no Porto, conviveu com os jovens escritores António de Oliveira, António Nobre e Justino de Montalvão com quem, em 1892, subscreveu o manifesto Nefelibatas. Iniciou a sua carreira literária em 1890 com Impressões e Paisagens. Frequentou o curso superior de Letras, mas ingressou na carreira militar. Colocado em Guimarães, retirou-se para a Casa do Alto, quinta próxima de Guimarães, local de produção da maior parte da sua obra literária, alternando o isolamento nortenho com estadias em Lisboa, onde desenvolveu paralelamente uma atividade jornalística, tendo colaborado em publicações como o Imparcial, Correio da Noite, Correio da Manhã e O Dia. Nestes últimos, é constante o seu debruçar sobre o terrível drama da condição humana, perpassado pelo sofrimento, a angústia, o mistério e a morte. São também constantes as referências aos ofendidos e humilhados, face visível da expressão humana que é um dos motivos mais regulares na sua obra.

Ao longo de uma obra multifacetada, Raul Brandão viria a ser um dos escritores que, a par de Fernando Pessoa, mais influíram na evolução da literatura portuguesa do século XX, sendo eleito figura tutelar não apenas de gerações suas contemporâneas, como o grupo reunido em torno de Seara Nova, ou o chamado grupo da Biblioteca Nacional (Jaime Cortesão, Raul Proença, Aquilino Ribeiro, Câmara Reis), como de gerações posteriores para as quais a redescoberta da obra de Raul Brandão serviu de esteiro para o reformular de estruturas novelísticas tradicionais.

Esse processo de rutura que se enceta com A Farsa, romance que dá a voz à personagem Candidinha, um ser marginalizado pela sociedade em quem, sob a farsa da submissão, se condensa um discurso de ódio, de inveja e de maldade, culminaria em obras-primas como Os Pobres e Húmus. Dificilmente qualificáveis como romances, estas duas obras, aproximando-se de caracteres da escrita poética e filosófica, colocam em causa os modos de representação do real para se afirmar como uma meditação sobre a metafísica da dor e sobre o absurdo da condição humana, dentro da qual as coordenadas de tempo, espaço, intriga ou personagens, apenas esboçadas, servem de cenário universal e abstrato para o drama secular da luta do homem entre o sonho e a desgraça.

Conjugando a influência de Dostoievski, com o simbolismo e com um sentido de modernismo, registado em processos como a fragmentação do eu [nas duas obras acima enunciadas, o eu tenta opor-se à voz de um alter-ego, o filósofo Gabiru, cujo discurso, também na primeira pessoa, é esboçado nos "papéis do Gabiru" (Húmus) ou na "filosofia do Gabiru" (Os Pobres)], Raul Brandão inaugura uma forma de escrita romanesca que, rompendo com a linearidade do tempo e da sintaxe narrativa, se desenvolve de forma circular em torno de símbolos e palavras-chave como árvore, sonho, dor, espanto, morte.

Entre a redação e a publicação de Os Pobres (1906) e Húmus (1917), Raul Brandão publicou os romances históricos El-Rei Junot (1912), A Conspiração de 1817 (1914, reeditado, em 1917, com o título: 1817 - A Conspiração de Gomes Freire) e O Cerco do Porto, pelo coronel Owen (1915), obras que, tendo por objeto as convulsões do início do século XIX, se até certo ponto divergem da obra ficcional do autor pela exigência de rigor no tratamento da matéria histórica, revelam também uma tendência para envolver os conteúdos de um sentido universalizante anunciado desde a introdução a El-Rei Junot, quando afirma, numa reflexão metafísica que poderia ser colocada na boca do Gabiru, que "A história é dor, a verdadeira história é a dos gritos. [...] O Homem tem atrás de si uma infindável cadeia de mortos a impeli-lo, e todos os gritos que se soltaram no mundo desde tempos imemoriais se lhe repercutem na alma. - É essa a história: o que sofreste, o que sonhaste há milhares de anos, tateou, veio, confundido no mistério, explodir nesta boca amarga, neste gesto de cólera...".

Em conexão ainda com a obra de ficcionista, Raul Brandão publicou três volumes de Memórias (vol. I, 1923; vol. II, 1925; vol. III, 1933) onde evoca episódios, figuras, boatos, chistes políticos e sociais; e apresenta um testemunho direto sobre acontecimentos históricos. No prefácio ao primeiro desses volumes memorialísticos, a comprovar que as fronteiras entre os vários géneros cultivados por Raul Brandão têm contornos diluídos, a voz do autor torna-se, pela mesma angústia metafísica, indistinta da das suas personagens ficcionais, ao afirmar que "O Homem é tanto melhor quanto maior quinhão de sonho lhe coube em sorte. De dor também", ao constatar a inutilidade da vida ("Agarro-me a um sonho; desfaz-se-me nas mãos; agarro-me a uma mentira e sempre a mesma voz me repete: - É inútil! Inútil!"), ao concluir que " Deus, a vida, os grandes problemas, não são os filósofos que os resolvem, são os pobres vivendo. O resto é engenho e mais nada. As coisas belas reduzem-se a meia dúzia: o teto que me cobre, o lume que me aquece, o pão que como, a estopa e a luz. / Detesto a ação. A ação mete-me medo. De dia podo as minhas árvores, à noite, sonho. Sinto Deus - toco-o. Deus é muito mais simples do que imaginas. Rodeia-me - não o sei explicar. Terra, mortos, uma poeira de mortos que se ergue em tempestades, e esta mão que me prende e me sustenta e que tanta força tem... [...] Teimo: há uma ação interior, a dos mortos, há uma ação exterior, a da alma. A inteligência é exterior e universal e faz-nos vibrar a todos duma maneira diferente. Destas duas ações resulta o conflito trágico da vida. O homem agita-se, debate-se, declama, imaginando que constrói e se impõe - mas é impelido pela alma universal, na meia dúzia de coisas essenciais à vida, ou obedece apenas ao impulso incessante dos mortos." (Memórias, vol. I, Lisboa, Perspetivas e Realidades, s/d, p. 14).

Raul Brandão é ainda autor de várias peças de teatro, onde temática ou formalmente subverte as expectativas da receção dramática do início do século XIX, em peças como O Gebo e a Sombra, O Rei Imaginário, O Doido e a Morte, Eu Sou um Homem de Bem ou O Avejão.

Chandeigne publie le petite article sur ce livre, en français (de Gladys Marivat – Le Monde – Mars 2023) :

Plus d’un siècle après sa première ­parution, en 1917, que vient nous dire ­Humus, le chef d’œuvre du romancier portugais Raul Brandao (1867-1930) ?

La voix impitoyable de son narrateur, son acuité terrible, n’ont rien perdu de leur pouvoir de fascination. Entre affliction et dégoût, son journal entremêle la description du train-train d’un village, une réflexion profonde sur la finitude humaine et des visions étranges de personnages, tel le « Gueux », « un être qui vient de l’irréel », probablement en communication directe avec le mystère de la vie. Les personnages de Brandão attendent la mort. L’écrivain voit dans leurs attitudes la manifestation de ce qui les agite : jalousie, ennui, amertume, avarice. Les personnages de Brandão entendent la mort : elle est omniprésente dans les pierres qui s’effritent, la mousse et la pourriture qui recouvrent les maisons. Le narrateur se reconnaît en eux. Tous ont en commun d’être visités par « le rêve ». « Le rêve trouble la ville comme le printemps trouble cet étang, qui n’est que boue et azur : il le colore et l’agite. Mais l’habitude a si bien imprégné la vie que l’on cohabite avec la peur et que l’on continue d’aller au bureau. » Les éditions Chandeigne, qui le rééditent, qualifient Humus d’«antichambre» du Livre de l’intranquillité (Christian ­Bourgois, 1988-1992), de Fernando Pessoa (1888-1935). Il a influencé un siècle d’écrivains portugais, dont le Prix ­Nobel José Saramago (1922-2010), qui le cite comme son livre préféré.


( ´ ∀ `)ノ~ ♡

Heureux le petit prosateur...


Photographie © Sonia Marques

samedi 6 février 2021

ℙÅℒ i†Ѻϟ

mardi 1 décembre 2020

Ḏυø Ѻʊґ☺ ℕ℮ℊґ◎

mercredi 19 août 2020

Ḻʊ@ ηø√α









Fotografías © Sónia Marquès, e poema...

ir onde tudo começa
passar uma camisa branca
de linho em Limoges
e nos encontrarmos
uma noite em Lisboa
duas cidades
duas mesmas letras
dois começos
levante-se uma manhã
e veja o Tejo
a luz branca
reconhecereis você
aérea é a silhueta
de uma cidade
memória branca
o tempo passa
renascido

dimanche 13 septembre 2015

〇 ᓮﬡᙓᖲᖇᓰᗩﬡ♈ᗴ ᑕᗩﬡ♈ᗝ ᖱᗝᔕ ☂ᙓﬡ♈ᓰᒪᖺõᗴᔕ

Image du film : Les mille et une nuits - L'Enchanté, de Miguel Gomes (2015)

L'enchanté, troisième volume de Miguel Gomes, réalisateur portugais dont j'avais déjà écrit un article sur son film Tabou.
Hasard, la salle de cinéma était non loin de ma mission parisienne. Je commençais par ce film, par la fin, car je n'ai pas vu les autres. La ville en province où je vis, ne diffuse pas les films de Gomes, qui ont reçu une critique élogieuse, en France. Je n'ai lu aucun article, confiance. Commencer par le troisième, c'est rentrer en osmose avec le livre ouvert de ce conte magique. Dans la lumière imaginaire d'un Bagdad, je reconnais la ville de Marseille telle que je l'ai photographiée, dans l'un de mes albums photographiques nissologiques (DEPP, BONJOUR, JUNGLE) une trilogie également ;.)

⊹⋛⋋( ՞ਊ ՞)⋌⋚⊹

Image du film : Les mille et une nuits - L'Enchanté, de Miguel Gomes (2015)

Coïncidence, il y a dans ce film un long moment documentaire sur une communauté d'hommes qui écoutent des oiseaux chanter, plus exactement des pinsons. Sur cette marginalité, près d'un aéroport lisboète, la séquence nous montre une organisation secrète. Ces hommes ne parient pas sur des joueurs de football, mais capturent des pinsons, les nourrissent et les hébergent dans de petites cages afin de les entrainer à développer leurs chants, les enregistrer. Un domaine se développe dans l'espace, car il s'agit avant tout de territoires. C'est toute une culture migratoire, comme dans chacun de ses films, qui agit chez les lusophones. Se réchauffer le coeur en regardant le film de ce réalisateur portugais, c'est aussi se sentir appartenir à cette culture là, celle qu'adorent les intellectuels français, aujourd'hui. J'essayais de trouver une explication. Les français ne peuvent pas réaliser de films engagés, de contre-pouvoir qui décrivent leurs pays, leurs manifestations, alors ils récompensent un film d'un autre pays qui le fait sur son propre pays en crise.

ʕ•̫͡•ʕ•̫͡•ʔ•̫͡•ʔ

Image du film : Les mille et une nuits - L'Enchanté, de Miguel Gomes (2015)

Au Portugal, le troisième volume ne sort que début octobre, voici début septembre, qu'à Paris, j'ai pu le voir. Mon ami parle de la liberté poétique des portugais, quelque chose qui n'existe pas en France. Je pense au mélange de cultures ramifiées, Indes, Brésil, Chine, les îles, l'Afrique… et cette singularité à survivre dans la misère, le dénuement le plus total, mais joyeux, de fêtes et de danses maritimes, avec ces éclats de lumière, observer tout ce qui n'est pas rendu visible, les beautés des marges, et d'imaginer tous les possibles. La force de création se fait par l'imagination, d'un petit pays, avoir inventé les cartes du monde et découvert les autres continents, les îles et les langues. Un pays ouvert sur la mer. On m'a toujours appris qu'il ressemblait à un visage tourné vers la mer. Si chacun, dans ce film, parle de la perte d'emploi, de ce que l'on était avant et de ce que l'on est plus, des inventions et histoires croisées, c'est souvent en terme d'une nostalgie, dans ce volume (il est dit, la nostalgie de Bahia)

Je pense aux 2 verbes "être" portugais (Ser et Estar : : être ce que l'on est, et être là où l'on est) qui évoquent déjà l'être et le déplacement. La langue portugaise (et espagnole), possède cette conciliation de l'identité (Ser) avec la réalité (Estar). La complémentarité entre ces deux dimensions rapproche l'être immigré ou issu de l'immigration, où se jouent l'absence, les retrouvailles, l'espoir, le manque, le développement régional, tout comme celui de l'appartenance et des contacts avec une autre région, un autre pays. De mon point de vue, la naissance de l'imagination (des images) arrive dans ces êtres et devient prolifique dans la création. Le va-et-vient entre deux états, entre deux pays, entre deux lieux, entre la séparation et le rapprochement des impossibles, des étrangetés, font partie d'une culture d'adaptation. Être invisible, être intégré, devenir autre, la métamorphose devient une richesse qui invente son territoire, toujours singulier. Le mot "saudade" est un mot qui a la charge de ces séparations, de la distance et de la proximité dans le même temps, une oscillation entre le ici et le là-bas. La double étymologie du mot : solitas et salus (solitude et santé), en fait une aporie.

Shéhérazade, une des héroïnes de l'histoire, qui laisse quelques textes, et lorsque le jour se lève, elle se tait, interroge et doute, tout comme elle contemple tout ce qu'elle voit. Son inquiétude fait naître un art divinatoire, jusque dans l'humilité de l'épisode du "Chant enivrant des pinsons".

J'écrivais ma désolation sur les évènements dramatiques en France début janvier et je parlais du livre de la conférences des oiseaux (du poète soufi persan Farid Al-Din Attar). Dans le même moment, j'étais attaquée dans ma profession, celle de professeure, par la direction de mon école, avec des courriers si mal écrits que je m'interrogeais sur le rôle de l'enseignement et la maltraitance des hommes et femmes de paix. Il y a encore, beaucoup d'ignorance dans notre pays. Cela entraîne un rejet de tout ce qui parait étranger, différent. Les jeunes sont les plus touchés, le domaine de l'éducation. Et toute forme d'autorité, peut devenir dangereuse lorsqu'elle ne connait rien. Comment cela était-il possible, comment cela arrivait-il, dans notre pays ? Cela arrivait, par milliers et par de multitudes de signes. La création : dans le film de Miguel Gomes, j'étais rassurée de parler la même langue, la poésie et d'être de nationalité poète. Éclatement, démesure, fantaisie, exotisme, charme, pauvreté, merveilleux baroque, doutes et perfections… Les films longs, les longs textes et les grands contes, les peintures murales et les chants d'oiseaux, tout ce que les dictatures censurent. L'exclusion agite des courriers avec les logos de ministère et falsifie les oeuvres et les enseignements. Et d'un autre côté, nombre de citoyens français rêvent et ont besoin des rêves des artistes, de leurs mots, leurs créations, leurs images, leurs musiques, leurs humours, alors ils soutiennent encore ces voix, ces élixirs de bonheur, le savoir vivre et inventer sans grands moyens. Non la terre n'est pas plate les amis.

Image du film : Les mille et une nuits - L'Enchanté, de Miguel Gomes (2015)

“O Inebriante Canto dos Tentilhões” é um daqueles exemplos onde a realidade supera em absoluto a ficção. Entre as pilhas de cds e mp3 que, para desespero das mulheres dos passarinheiros, reproduzem em loop os cantares de mestres com que os mais jovens tentam virar os seus pássaros, irrompe, de forma inesperada, uma beleza. A nossa incredulidade e preconceito dá lugar ao fascínio. É evidente que quem antes não gostava de Marante não saiu da sessão d’«Aquele Querido Mês de Agosto» com vontade de ir ouvir na integra o último disco dos Diapasão; do mesmo modo, não creio que depois d’«As Mil e Uma Noites» sejam muitos os que se vão dedicar a fazer remixes de cantares de tentilhões. Mas é verdade que Gomes tem um jeito de escapar à armadilha do ridículo sem cair no romantismo balofo. Em «O Encantado», a atenção da câmara descobre a força revolucionária do belo numa atividade perfeitamente inútil: ensinar pássaros a cantar. Mas, justamente, a beleza está em não precisar de ser mais nada, não precisa de justificação ou legitimação. É esse também o poder das histórias.

A analogia é delicada e trágica: tal como Xerazade, os tentilhões, que são pássaros territoriais, cantam para defender a sua casa, cantam para não serem mortos; mas, às vezes, podem morrer de tanto cantar. Foi esse o risco que Miguel Gomes aceitou correr com este filme polifónico, e não perdeu.

Miguel Gomes parle des types qui élèvent des pinsons dans les bidonvilles de la périphérie de Lisbonne et les entraînent pour des concours de chant.

Des personnages très rock'n'roll, avec qui nous avons mené près de cent cinquante heures d'interviews et qui me donnaient l'impression d'être dans un film de John Carpenter. Ils me faisaient entrer dans un monde codé, secret et clandestin, puisque leur pratique est illégale. Ces personnages m'évoquent le rock de Springsteen et les livres de Borges. Ils vivent en marge de la société, personne ne sait qu'ils existent. “C'est grisant d'aller contre la tendance actuelle qui est de donner son avis tout de suite.” Nous, nous les avons trouvé sur YouTube, où quelqu'un avait mis en ligne une vidéo d'un de leurs concours. Les visages de ces hommes qui boivent de la bière en silence, en écoutant les oiseaux chanter, ça m'a vraiment ému. Avec eux, j'ai découvert un autre Lisbonne, une ville chaotique à la lisière des forêts où les gens cultivent encore des habitudes de campagnes. Dans ce film, j'ai vraiment appris des choses sur mon pays, découvert une multitude de personnages qui portaient tous une multitude de fictions.