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Tag - Fotografías

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mardi 16 février 2021

Lїღãø

Fotografías © Sónia Marquès

tenho um limão espremido
no coração vermelho cereja e azul celestial
dois colinas pétala de rosas
três olhos menta com água
quatro sexos de baunilha e morango
cinco dedos cobertos de chocolate
seis barrigas de leite nacaradas
sete coxas de ninfa
oito unhas cenouras, abóbora e damascos
nove cabelos verde floresta
dez sinais capuchinho

tenho uma tarte de limão com toranja
uma cara de ovos mimosa
cocó de ganso no meu ombro
mostarda que sobe ao nariz
mel na boca cheia
 pão de cabra cinza 
nos meus pulsos de ardósia
os pés palmados de lavanda
paus de canela em minhas orelhas
estou cheio de cacau
o melão de avelã
e a pele de pão queimado
tenho o umbigo de carvão
cílios de tinta preta
estou a ficar botão de ouro amarelo
mas eu continuo céu azul
um limão índigo


mercredi 11 novembre 2020

Ḻα ℳα∂☺ηᾔ@ ḉ◎ʟ ℬ@ღ♭їηø 

Fotografías © Sónia Marquès & querido / La vierge à l'enfant

Descobrir novas mulheres artistas, que já não são deste mundo, e pouco reconhecidas, emociona-nos muito. Poderiam estar novamente expostas, e ninguém saberá que nasceram há muito tempo, num tempo em que nem a Internet nem o telemóvel eram tão importantes como hoje. No fundo, não importa os novos meios de comunicação. O que estamos a redescobrir hoje com alegria, confinados mesmo, é uma espécie de eternidade, e a Internet dá-nos acesso, a nós, pobres, a percursos tão diferentes. Quando ensinava, fazia um grande esforço para devolver as obras de mulheres artistas a estudantes que não conheciam nada. Hoje, longe das escolas de arte, faço exatamente o mesmo, exceto que me dirijo a um maior número de pessoas, que nunca frequentaram escolas de arte, ou, que nunca foram para uma escola de arte, e que nunca vão. Finalmente, que melhor prenda recebi lá. Ter sido excluída do ensino, privado de poder fazer o meu trabalho, é compreender que não é às más direções de escola de arte que se retira a arte de amar ensinar. Nunca. Não é assim que se consegue formar jovens e adultos na abertura, nunca é através da exclusão. Não há nenhum privilégio em amar a expressão artística. Nem a ser artista, nem a amar artistas, nem a amar arte, nem a amar a educação artística. Não é um privilégio, é uma forma de olhar o mundo com grande sensibilidade e acolher com simpatia o que é diferente.

Fotografía © Sónia Marquès (A Igreja de São Roque em Lisboa)

ʊмα ƒ@мíʟḯ@ @ґтí﹩тї¢A

lundi 21 septembre 2020

Ѻʊ⊥øᾔ◎

Já é Outono !

"Outono é outra primavera; cada folha uma flor." (Albert Camus)


Fotografías © Sónia Marquès e querido










































Eugène Alluaud : La creuse à Crozant - 1925 (Musée des Beaux Arts de Limoges)



Fotografías © Sónia Marquès

dimanche 30 août 2020

@Lмα

Fotografías © Sónia Marquès, e poema...

A ALMA E O SAL

Comecei de imediato a sonhar com o mar, com o murmúrio manso das ondas de Setembro, comecei a sonhar com a maravilhosa liberdade do mar, o rumor do mar, o mugido das rochas cobertas de lapas, de mexilhões, de conchas, quando a maré desce...

Sentimentos contraditórios,

O ser humano é percorrido por emoções opostas, de uma sensibilidade rica e generosa, ele pode partir para a guerra e capaz de piores atrocidades...

Por que as pessoas procuram o mal e machucam outras que não conhecem e nunca conhecerão ?

Porque há frustrações profundas e por vezes uma cegueira profunda: não sentir, não ter emoção, não reconhecer as paisagens

Confundir as imagens com o que sentimos perante as ilusões, do que pensávamos ver e saber, o ser humano engana-se no caminho, e às vezes por muito tempo, talvez para sempre...

No espelho dos pássaros
Reconhecer as paisagens não é apenas vê-las
Comecei de imediato a sonhar com as ondas de Setembro

É ninguém é ninguém, eu também sou pessoa
Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo

O valor das coisas não esta no tempo em que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesqueciveis, coisas inexplicaveis e pessoas incomparaveis
(FP)

A vida
A vida de todo ser humano é um caminho em direção a si mesmo, a tentativa de um caminho, o seguir de um simples rastro. Homem algum chegou a ser completamente ele mesmo; mas todos aspiram a sê-lo, obscuramente alguns, outros mais claramente, cada qual como pode. Todos levam consigo, até o fim, viscosidade e casas de ovo de um mundo primitivo. Há os que não chegam jamais a ser homens, e continuam sendo rãs, esquilos ou formigas. Outros são homens da cintura para cima e peixes da cintura para baixo. Mas cada um deles é um impulso em direção ao ser.
(HH)

Homem ? E mulheres...


boa10.jpg

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Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.
(FP)


Cada momento mudei...


Fotografías © Sónia Marquès, e poema...